A radioterapia é muito efetiva na eliminação das células cancerígenas , sendo frequentemente indicada como adjuvante no tratamento do câncer de mama ou outras neoplasias, particularmente nos estágios mais avançados. Porém essa modalidade de tratamento pode causar lesões extensas nos tecidos do tórax e axila.
A retração cicatricial na axila é uma sequela frequente, principalmente quando são usadas altas doses de radiação. É causada pela fibrose/acúmulo de grande quantidade de tecido cicatricial nessa região. Isso provoca dor e rigidez no ombro.
Em estágios iniciais pode ser tratada com alongamentos, massagens e outros procedimentos fisioterápicos, porém quando a cicatriz é muito extensa e avançada, faz-se necessário a cirurgia.
Nossa equipe tem grande experiência no tratamento dessas lesões.
A primeira medida é fazer o diagnóstico da extensão da retração cicatricial. Se a cicatriz acomete apenas a pele e tecido gorduroso (camadas mais superficiais), fazemos a correção com a remoção do tecido cicatricial e cobertura com retalhos de pele do local ou retalhos retirados de outras partes do corpo e implantados na axila com microcirurgia.
Em muitos casos há também acúmulo de tecido fibroso dentro da articulação do ombro que pode ser evidenciado por um exame de ressonância nuclear magnética dessa articulação. Nessa situação indicamos a realização de um procedimento endoscópico (artroscopia de ombro) para a retirada desse tecido e permitir recuperação dos movimentos articulares. Após a cirurgia a paciente inicia um programa de fisioterapia para a manutenção dos movimentos recuperados durante a cirurgia.
A plexopatia actínica é uma sequela mais tardia da radioterapia feita para tratamento de câncer de mama ou de cabeça e pescoço. Pode inclusive ocorrer muitos anos (média de 6 anos) após concluída as sessões de radioterapia.
Essa patologia é causada por um progressivo acúmulo de tecido fibroso dentro dos nervos que compõem o plexo braquial (nervos que se originam no pescoço e vão para o membro superior e são responsável pelos movimentos e sensibilidade).
O paciente passa a apresentar dor intensa em queimor no membro superior acompanhada de alterações de sensibilidade. Com o passar do tempo a paciente vai perdendo os movimentos do ombro, cotovelo e em casos mais severos do punho e mão. A extremidade pode vir a ficar totalmente paralisada em decorrência dessa patologia.
O diagnóstico nem sempre é fácil já que os sintomas aparecem tardiamente. O diagnóstico diferencial é a recorrência do tumor nas proximidades do plexo braquial. Portanto exames de imagem (como uma ressonância nuclear magnética) e exames de eletroneuromiografia são necessários para confirmar o diagnóstico.
O tratamento é complexo, difícil e em muitos casos não se obtém sucesso. A maioria dos pacientes melhora em relação à dor, porém os movimentos perdidos retornam em graus variáveis. Idealmente o diagnóstico e o tratamento devem ser feitos o mais precocemente possível.
Os procedimentos que recomendamos nesses casos é a exploração dos nervos e raízes do plexo braquial, retirada de todo o tecido cicatricial (neurólise) e cobertura dos nervos com retalhos de tecidos bem vascularizados (geralmente com microcirurgia) para aumentar a circulação no local.
Em casos mais avançados removemos completamente os nervos fibróticos e utilizamos uma combinação de enxertos nervosos vascularizados e transferências nervosas, usando nervos preservados e que podem ser sacrificados para restaurar funções mais importantes para a paciente.