TRATAMENTO DO LINFEDEMA

Linfedema é o inchaço no(s) membro(s) causado pelo acúmulo de um líquido rico em proteína nos tecidos. Normalmente esse líquido é removido pelo sistema linfático (formado pelos vasos linfáticos e pelos gânglios linfáticos) e devolvido à circulação sanguínea.

O linfedema ocorre quando há uma lesão do sistema linfático por trauma, infecção ou procedimentos cirúrgicos.

No tratamento do câncer de mama, a depender do estágio, é necessário a remoção parcial ou total dos gânglios linfáticos da axila, o que predispõe a paciente a desenvolver linfedema no membro superior.

Em alguns casos o linfedema é leve e temporário e responde bem a procedimentos como massagens, drenagem linfática, malhas de compressão, e por fisioterapeutas especializados.

Muitas pacientes não têm resolução satisfatória do linfedema com essas medidas. Até pouco tempo isso era um problema sem solução.

Recentemente foram desenvolvidas técnicas cirúrgicas efetivas no tratamento do linfedema que não responde de maneira satisfatória às medidas não operatórias. Esses procedimentos são (1) o transplante de gânglios linfáticos (2) anastomose linfo-venosa (sutura de vasos linfáticos nas veias dos membros).

O transplante de gânglios linfáticos é a técnica de escolha em nosso serviço e consiste na remoção de um conjunto de gânglios linfáticos de uma área do corpo e subsequente implantação desses gânglios na área acometida pelo linfedema com microcirurgia. Os locais preferidos pela nossa equipe para a retirada de linfonodos é a região supraclavicular ou inguinal superficial.

Trata-se de um procedimento muito delicado e especializado, realizado apenas em alguns centros de referência em todo o país.

Os resultados são muito bons. A maioria das pacientes evolui com significativa redução do inchaço no membro acometido, redução no número de processos infecciosos e passam a não necessitar da utilização de malhas ou luvas de compressão.

Paciente de 50 anos que submeteu-se a mastectomia associada a retirada dos gânglios linfáticos da axila, evoluiu posteriormente linfedema no membro superior direito. Paciente dependente de enraizamento compressivo diário para controlar o linfedema. Paciente optou pela cirurgia de transplante de linfonodos.
No procedimento, varios linfonodos foram retirados da região da clavícula do outro lado e implantados com microcirurgia no membro acometido pelo linfedema. Após um período de 3 meses após o procedimento, espera-se uma redução progressiva da circunferência do membro.

Um outro procedimento que utilizamos para o tratamento de linfedema é a técnica microcirúrgica chamada anastomose linfático-venosa (sutura de vasos linfáticos em veias do membro).

Esse procedimento tem indicações mais restritas, sendo utilizado apenas nas fases iniciais do linfedema, quando ainda podemos encontrar vasos linfáticos intactos comprovados por um exame chamado linfografia.

Nesse procedimento o vaso linfático (amarelo) é suturado a uma veia (azul). Desse modo facilitando a drenagem do líquido retido na extremidade para a circulação, o que vai melhorar o linfedema.

Em casos muito avançados de linfedema crônico, observa-se acúmulo progressivo de tecido cicatricial nos tecidos. Nesse caso os procedimentos acima citados não podem ser mais realizados. Nesses pacientes indicamos a remoção do tecido cicatricial por cânula de lipoaspiração ou remoção tecidual extensa por incisões cirúrgicas maiores.